Colóquio do Último Instante
Não foi fácil.
Até aquele instante, se pensava possuir pleno controle em suas mãos.
Optar entre o destino e a coincidência poderia lhe custar as frias memórias acumuladas durante toda a sua existência.
Caminhou lentamente em direção ao jazigo próprio: seu chão. O suor lhe escorria pelas mãos em doses pouco econômicas. Lembrou-se de levar o pente à cabeça, deslizando pelos já últimos fios que lhe restavam.
Respirou.
Respirou novamente. Ponderou, por muitas horas, acerca de quais seriam seus próximos passos. Manifestou em seu coração incentivo para concluir a última página. Letra por letra, como se erguesse uma edificação, foi dando forma derradeira à sua tela.
Suspirou novamente, agora, pigarreando ainda o cigarro que, há pouco, havia dispensado ao corpo insano.
Fitava as horas de maneira compulsiva, em intervados que não lhe custavam dois minutos e meio de lembranças: as últimas que lhe restaram.
9 de novembro de 2006
Junior Chao
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